HOME | ACERCA | NACIONAL | LOCAL | MUNDIAL | DOCUMENTOS | CONTACTOS | ANTERIORES

MUNDIAL

Brasil: Seis motivos para não confiar em Marina Silva

Por André Freire
Esquerda Online
14 Junho, 2018

Pré-candidata da Rede disputa novamente a possibilidade de ir ao segundo turno das eleições presidenciais

Na última pesquisa do Datafolha, a pré-candidata da Rede, Marina Silva, aparece em segundo lugar, quando não é incluído o nome do ex-presidente Lula (PT), condenado sem provas e preso há mais de dois meses em Curitiba (PR).

Neste cenário, ela aparece com 15% das intenções de voto, ficando atrás apenas do famigerado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que tem 19%. Os dados revelam que, pelo menos até o momento, Marina vem se beneficiando quando o nome de Lula não é incluído nas sondagens.

A ex-senadora foi candidata nas últimas duas eleições presidenciais, em 2010 pelo PV e em 2014 pelo PSB (filiou-se a este partido porque a Rede não se legalizou a tempo). Nas duas oportunidades, chegou perto do segundo turno, ficando em terceiro lugar, com cerca de 20% dos votos válidos.

Em seus discursos, Marina sempre se propõe a construir uma nova forma de fazer política, mas diferentemente de outros momentos, suas promessas já não tem o mesmo apelo popular. Este fato se explica porque, longe de representar de fato uma nova alternativa de mudança, a pré-candidata da Rede, infelizmente, representa a continuidade de governos que não enfrentam realmente os privilégios dos ricos e poderosos.

Vejam seis argumentos que comprovam a completa incoerência entre o discurso e a prática de Marina Silva:

1- Marina apoiou o golpe do impeachment
O discurso da defesa de uma nova política “cai por terra” quando lembramos que Marina Silva apoiou abertamente a manobra reacionária do Impeachment. Na votação do impeachment não se comprovou crime de responsabilidade, revelando-se um verdadeiro um golpe parlamentar, encabeçado pelo o que tem mais podre na política brasileira, chefiado por nada mais nada menos o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), atualmente preso.

Marina não só apoiou como cobrou dos parlamentares ligados a Rede que votassem a favor. Lembrando que foi o impeachment que possibilitou a posse do presidente ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), o mais impopular da história recente brasileira.

2 – Ex-senadora apoia a reforma da Previdência
Em entrevista recente, a ex-senadora e pré-candidata a presidente pela Rede defende a necessidade de uma nova reforma da Previdência. Embora, atualmente, diga que Temer não tem legitimidade para realizar essa reforma, admite a necessidade da reforma, pois, segundo ela, existe um grande déficit da Previdência Social.

Nenhuma palavra sobre as grandes empresas que devem bilhões à Previdência Social. Mas, ela rapidamente apressa-se a defender o aumento da idade mínima para que o povo trabalhador consiga se aposentar.

3 – Alianças com a velha política
Quem poderia esquecer do vídeo de Marina apoiando Aécio Neves (PSDB-MG), no segundo turno das eleições presidenciais passadas. Onde ela chama os brasileiros a engrossar o movimento de mudança representado pela candidatura tucana.

Agora, que Aécio virou um símbolo da corrupção na política brasileira, embora siga exercendo seu mandato livremente, Marina tenta se afastar de seu aliado nas eleições passadas. Mas, nada que faça a ex-senadora mudar a sua política de alianças espúrias. Na mesma entrevista na Folha de S. Paulo e ao UOL, ela afirma que pode governar com políticos do MDB, PSDB e PT.

4 – Seus projetos políticos são financiados por grandes empresas e bancos
Nas duas campanhas presidenciais que participou, Marina contou com o financiamento milionário da herdeira do Banco Itaú, Maria Alice Setubal (“Neca”), e do dono da Natura, Guilherme Leal (que foi seu vice nas eleições de 2010), um dos homens mais ricos do Brasil.

Mas, não é só nas eleições, que grandes empresários financiam os projetos políticos de Marina. Por exemplo, em 2013 a herdeira do Itaú, “doou” cerca de um milhão de reais para o instituto de Marina, arcando com mais de 80% das despesas da entidade que foi criada pela ex-senadora.

5 – Incoerência na defesa do meio ambiente
Embora Marina Silva tenha na sua história política a defesa do meio ambiente e dos povos da floresta, a sua prática política nos últimos anos vem demonstrando que também neste terreno ela vem praticando o velho discurso “esqueça o que eu disse”.

Marina, nas últimas eleições defendeu a utilização dos transgênicos que, segundo ela, é uma necessidade do desenvolvimento. Abandonando uma das causas mais sentidas dos movimentos sociais que defendem o meio ambiente.

Essa defesa não deveria chegar a surpreender, pois nas eleições passadas, em 2014, o vice de Marina era Beto Albuquerque (PSB-RS). Ele, como deputado, atuou ativamente na Câmara para regulamentar a utilização da soja transgênica na legislação brasileira, quando ainda Marina Silva era ministra de Meio Ambiente, no governo de Lula (PT).

6 – Falta de compromisso com a pauta dos oprimidos
Marina tenta sempre disputar o voto dos evangélicos, religião que se considera uma praticante. Esta localização a faz se afastar de forma contundente com bandeiras historicamente defendidas pelos movimentos de luta dos oprimidos, tais como a legalização do aborto, entre outras discussões.

Na campanha presidencial passada, inclusive, envolveu-se em uma polêmica quando recuou da defesa de projetos que garantiam o direito pleno do casamento entre homossexuais e a discussão contra discriminação de LGBTs e a homofobia nas escolas, depois que o ultrarreacionário Pastor Malafaia criticou seu programa de governo.

Construir uma nova alternativa política, de esquerda e socialista
Para mudar de verdade, enfrentar a velha direita, derrotar o golpe, acabar com as alianças espúrias, nós precisamos apostar em uma alternativa que realmente defenda os interesses do povo trabalhador, da juventude e do conjunto dos explorados e oprimidos.

Uma pré-candidatura que não tenha medo de enfrentar os enormes privilégios das grandes empresas e dos bancos. Enfim, que faça os ricos e poderosos começarem a perder, para que a maioria da população tenha atendida as suas reivindicações e direitos.

Por isso, devemos construir de forma coletiva a chapa presidencial de Guilherme Boulos e Sonia Guajajara, lançada por uma frente política e social inédita, formada por partidos de esquerda e movimentos sociais combativos. Ela já tem o apoio do MTST, do PSOL, do PCB e da APIB, entre outros movimentos e organizações. Vamos, sem medo de mudar o Brasil!